A segunda fase do Vestibular Fuvest 2024 começou neste domingo (17/12) com as provas de língua portuguesa e redação, que teve como tema "Educação básica e formação profissional: entre a multitarefa e a reflexão".
As provas continuam na segunda (18) com questões de duas a quatro disciplinas, dependendo do curso escolhido em 31 cidades do estado de São Paulo. Os portões serão abertos ao meio-dia e fechados às 13h, quando começa o exame.
Ao todo, são oferecidas 8.147 vagas para ingressar na Universidade de São Paulo (USP), distribuídas entre ampla concorrência, estudantes egressos da rede pública e aqueles que se declaram pretos, pardos e indígenas.
Confira a seguir os comentários do coordenador e professor de Redação do Poliedro Curso de São Paulo, Arthur Medeiros.
Para ele o tema remete a uma questão atual da sociedade contemporânea, que se manifesta de múltiplas maneiras.
"Tematizar a educação profissional no ensino básico e as suas consequências para a perda do hábito reflexivo em favor de uma atitude multitarefas revela que a banca ainda está preocupada em selecionar os candidatos capazes de enxergar o mundo atual de forma crítica", analisa o professor.
O tema, para ele, está relacionado a vários aspectos do nosso dia a dia: por exemplo, a desvalorização das ciências humanas em favor das carreiras mais técnicas, o preenchimento de todo o nosso tempo livre com atividades mediadas pela tecnologia, o alastramento dos casos de síndrome de Burnout e outras patologias mentais relacionadas à produtividade, bem como o crescente consumo de drogas estimulantes.
"Apesar de muitos considerarem que a Fuvest valoriza apenas textos filosóficos e abstratos, a capacidade crítica do candidato pode ser verificada também no olhar que ele demonstra - e traz para o texto - sobre os elementos cotidianos que demonstram a ocorrência desses fenômenos sociais", afirma Medeiros.
Entre as ideias que poderiam ser mobilizadas pelos candidatos girava em torno de entender que, apesar de esse ritmo incessante ser naturalizado, é possível conceber uma outra forma de nos organizarmos em nossa sociedade, dado que a escola pode educar para a chamada "pedagogia do ócio" e se inspirar em modelos não-capitalistas de educação, como aquela praticada por alguns povos indígenas.
Também chamou a atenção do coordenador do Poliedro o fato de a redação se assemelhar à do vestibular da Vunesp, que seleciona candidatos para a Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Esse pode ser um grande aprendizado: apesar de cada banca possuir seus direcionamentos mais comuns, os candidatos devem estar sempre preparados para outros formatos de proposta de redação", diz. "Isso reforça a importância da prática ao longo do ano: o estudante capaz de argumentar sobre diversos temas, em diversos formatos, tende a ser um autor mais seguro para encarar a maior parte das provas".
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